terça-feira, 10 de outubro de 2023

Algoritmos, tendências e microtendências


Segundo Gillespie, os algoritmos são "Agentes que desempenham um importante papel na definição do que é relevante". É através desse raciocínio que se entende a importância que o algoritmo tem nas redes sociais, principalmente no Instagram e no TikTok, desempenhando um papel crucial na determinação do que se tornará uma tendência no mundo da moda.

Foto: Reprodução/Google
Com esse aspecto em mente, surgem também as microtendências, resultantes de um hábito social tão dinâmico quanto a utilização das redes e, consequentemente, a imersão nos algoritmos que as regem. Isso faz com que o surgimento de novos comportamentos na moda seja tão frequente que as tendências não se estabelecem por longos períodos. Os ciclos são tão rápidos que o surgimento de novos hábitos de consumo, vestimenta e até de posicionamento — porque moda é sempre um posicionamento — são quase exponenciais. São micros.

Microtendências, como o "brazilcore", servem como exemplos claros de como o boom de consumo e conteúdo é fomentado pelos algoritmos das redes. No TikTok, a hashtag "#brazilcore" somou mais de 75 milhões de visualizações no período em que o consumo de produtos relacionados à estética brasileira estava em seu auge. Atrelado a isso, a venda e produção de coleções que se alinhassem com essa estética disparou. Não houve uma grande marca de roupas ou até ateliês de slow fashion que não tenha produzido peças alinhadas com as linhas dessa microtendência.

Foto: ELLE Brasil/Pinterest
Na matéria de Francielly Kodama para o Gshow, a autora cita que as grandes e sempre inovadoras fashion weeks apenas consolidam outras tendências oriundas de outros ambientes. Pressupondo essa ideia, um desses ambientes é inevitavelmente o virtual. Fortalecendo a ideia de que a criação, consolidação e até ressurgimento de alguns movimentos criativos da moda nascem fora dos grandes ateliês e sem a assinatura de grandes designers, surgem da programação e da seleção de um algoritmo no dispositivo que aquele consumidor de moda possui.
O algoritmo pode ser tanto uma curadoria própria quanto fruto de uma curadoria que irá fomentar o comportamento do algoritmo. Portanto, o algoritmo precisa de tempo para poder entender e compreender determinadas preferências do usuário. No entanto, quando uma análise aprofundada realizada por Nínive Girardi sobre a moda na era do algoritmo conclui que algoritmos de redes como o TikTok operam menos por uma curadoria de hábitos de usuários e mais por uma massificação midiática no que distribui, surge o questionamento: O surgimento dessas tendências e microtendências é realmente algo natural e fomentado pelos consumidores de moda ou é proveniente de manipulações, ideologias e inclinações de consumo do interesse da plataforma associada?

Por: Isabela Reis

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