Movimentos e partidos são comunicação em potência pura. Através de mentes que dialogam e que se convergem a um princípio em comum, são formadas ideologias e simbolismos próprios que constituem redes, sistemas de relações que podem ultrapassar gerações, e, nisso, a moda assume um importante papel na construção da imagem das chamadas subculturas.
Subculturas são redes. Aliás, em Filosofia das Redes, de Pierre Musso, as redes, no seu significado mais substancial, são entendidas como um mecanismo de controle ou de fazer o controle – elas estabelecem uma racionalidade dentre diversos pontos, linhas, fluídos. Apesar de abordar a polissemia deste termo, as subculturas podem ser reconhecidas como redes, afinal, elas determinam e expandem fronteiras de conhecimento, identidade e influência dentro de algumas comunidades, e até fazem parte de uma rede maior e intransponível dentro da sociedade: a da cultura.
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Foto: Reprodução/Buzzfeed |
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Foto: Reprodução/The Black Ravens |
O conceito de “moda” propriamente dito nesse movimento não foi bem aceito inicialmente, visto que a moda está associada à ideia de “modismo”, à boa aparência e a uma conformidade social – tudo que os punks não queriam. A “brutalidade” imposta pelo Punk vinha do fato dos adeptos personalizarem e confeccionarem suas próprias peças, valorizando a própria técnica e viabilizando a cultura do DIY “Do It Yourself”, ou “Faça você mesmo”, na busca de afirmarem suas próprias identidades e, como dito anteriormente, desafiar o consumismo por meio de intervenções em peças já existentes (rasgos, o pixo, adição de grampos, entre outros), e, até mesmo, por perfurações nos próprios corpos, levando a popularização dos piercings.
O pareamento entre a vertente técnico-financeira da rede no Movimento Punk se dá, especialmente, quando a técnica assume mais que o capital simbólico e ocupa as passarelas ao redor do mundo, transformando-se em algo comerciável, e, ironicamente, indo contra o espírito de contra-consumo permeado pelo movimento. A ideia de rede técnica, apesar de distanciar o movimento de sua essência por meio da democratização da circulação, faz com que essa mesma circulação dissemine a ideia do rompimento com tradicionalismo, mantendo o vínculo simbólico vivo, apesar das transformações do saber-fazer humano.
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Foto: Reprodução/Vogue |
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